Setor da Religião
(Série Interferências da Tecnologia)

O ser humano é uma criatura conectada à tecnologia. Ou pelo menos busca esta conexão através da comunicação. E comunicação é tecnologia. E isso não é de agora, isso vem desde a sua origem. Lemos na Bíblia Sagrada que, desde a Criação, o próprio Deus se comunicava com o homem e a mulher que havia criado. E com Noé, percebemos como essa comunicação entre Deus e ele, era eficiente. Ele recebeu a ordem, com instruções detalhadas para construção de um grande barco (arca) para enfrentar o dilúvio. E para isso precisou de conhecimento, de tecnologia para fazer o que fez.

E seguindo, em rápidas pinceladas, nos passos da história bíblica e religiosa judaica cristã, Deus ordena ao seu povo a construção de um local de culto e adoração, primeiro o Tabernáculo, uma enorme tenda. E mais tarde, o grande Templo em Jerusalém. E nessas duas ordens, também estavam todos os detalhes do material a ser usado, bem como as medidas exatas de altura, comprimento, largura e profundidade. Ora, a execução de tais obras, só foi possível com uso de tecnologia.

Deus que se comunicava oralmente com o seu povo através de pessoas como Moisés, os sacerdotes e profetas, para perpetuar a sua mensagem às gerações futuras, mandou registrá-las através da escrita, como as tábuas de pedra, dos Dez Mandamentos. E para isso foi necessário ter um alfabeto, que nada mais é, do que a tecnologia à serviço da escrita, para ser compartilhada com outras pessoas, assim como ocorreu com as pinturas, desenhos e códigos litúrgicos.

Avançando em passos largos nesse contexto religioso e tecnológico, lembramos que o processo da escrita passou por pedras, madeiras, papiro, pergaminho, que eram normalmente em rolos, depois foram juntados em Códecis (madeiras com dobradiças e rolos costurados), até chegarmos ao livro, no século XV, por obra do alemão Johannes Gutenberg. E a partir do domínio da tecnologia da impressão de textos e imagens, a religião, assim como todos os demais setores da sociedade, foi muito beneficiada pela facilidade de reprodução dos seus conteúdos.

A religião e a tecnologia, sempre andaram de mãos dadas, em maior ou menor intensidade. Assim, além do Rádio e da Televisão, agora na era da tecnologia da informação, da Internet, o repertório disponível está muito maior com todas as ferramentas digitais, como Sites, Portais, E-mails, Facebook, WhatsApp, Instagram, Twitter, Aplicativos, etc. E por serem recursos de baixo custo, as religiões estão presentes, compartilhando conteúdos religiosos nos mais diferentes formatos, linguagens e para pessoas de todas as idades. Nesse tempo de distanciamento social, estudos, atos litúrgicos, músicas e mensagens de todas as crenças, são oferecidas em abundância nas redes sociais.

Em resumo, a religião tem a função de ligar ou religar as pessoas à Deus e conectar umas às outras. E a tecnologia da comunicação na era digital, veio facilitar, agilizar e multiplicar as oportunidades de interagir e compartilhar mensagens e serviços com outras pessoas em qualquer lugar do planeta.

 

Nilo Wachholz

Teólogo e Jornalista (editor)